Hoje Cuiabá comemora 306 anos de existência e a pergunta que se faz é: o que temos para comemorar? Fiz a mesma pergunta a um ano atrás, quando da comemoração dos 305 anos. No meu entendimento, ainda continuo acreditando que existem muitas conquistas que devem ser comemoradas, pois nossa amada cidade é conhecida como a capital do agronegócio do Brasil, com economia pujante e que oferta oportunidades para àqueles que aqui residem.
O poeta Moisés Martins homenageia as ruas da nossa cidade em seu poema denominado de “Ruas de Cuiabá” afirmando que aqui temos todo tipo de rua que “ocê pensá”, seja ela do meio, de baixo e de cima. Diz que parecem serem feias mas são todas amadas pelo senhor do Bom Jesus de Cuiabá. Afirma que não são tortas mas parecidas como um diamante pois são anguladas.
Essas ruas, no tempo de Cuiabá de antigamente, simbolizavam a diferença das classes sociais entre os membros da sociedade pois numa morava a elite e noutra circulavam os serviçais, havendo enorme distinção de quem andava em cada rua.
No ano passado escolhemos nosso Prefeito, e este terá como missão bem representar nossas tradições, usei a analogia do trecho abaixo que passo a revisitar.
Durante a oração matinal me veio à lição sobre o “ÓBULO DA VIÚVA” descrita em Marcos, XII: 41-44. Fazendo uma análise sobre a passagem e comprando-a com o ato democrático de outrora, percebi que a VIÚVA em análise é a sociedade. Em outubro oferecemos o “ÓBULO” na urna enquanto os grandes doadores (candidatos aos cargos eletivos) podiam apenas estar fingindo estar fazendo uma grande contribuição. Assim como Jesus disse que ela, a VIÚVA, foi quem mais doou, mesmo doando duas moedas, em outubro foi o POVO que depositou seu ÓBULO de esperança numa sociedade melhor, mais justa e digna, e assim escolheram nossos representantes.
A missão daquele que governa passa por atender as diferentes classes sociais, independentemente da rua por onde transita, seja ela a “de cima, de baixo ou a do meio”, e nisso relembro a lição de Abraham Lincoln: “Não fortalecerás os fracos, por enfraquecer os fortes. Não ajudarás os assalariados, se arruinares aquele que os paga. Não estimularás a fraternidade, se alimentares o ódio.”
Afinal, para àqueles que aqui moram, só esperamos poder parafrasear Mariana G. da Fonseca em sua poesia: “(...) Cuiabá é um lugar onde quero ficar, criar meus filhos e netos, para sempre se amar. Um lugar lindo, cheio de história para contar. Ah, mas como eu amo esse lugar.”
Desejo que os 306 anos da nossa cidade seja abençoado e que o POVO reviva os tempos de glórias e que nossos representantes estejam comprometidos em manter a história construídas pelos nossos antepassados.
PEDRO PAULO PEIXOTO DA SILVA JUNIOR, Advogado, Administrador de empresas, Doutor em Ciências Sociais e Jurídicas, Especialista em Direito Tributário, Professor Universitário e de Cursos preparatórios da Disciplina de Direito Tributário e Ex-Presidente do IAMAT – Instituto dos Advogados Mato-grossenses.