Lucielly Melo e Antonielle Costa
A futura vice-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargadora Maria Helena Póvoas, quer criar uma “ponte” de comunicação entre o Judiciário e a sociedade em geral visando descontruir a imagem de “semideuses” e “marajás” atribuídas aos magistrados.
Póvoas criticou as repercussões dadas aos salários e verbas dos juízes considerados, muitas vezes, como vultuosos e defendeu que não são “loucos” de cometerem alguma infração, já que há fiscalização do Conselho Nacional de Justiça.
“O Poder Judiciário vem apanhando muito e há muitos anos não dialoga com sociedade. Tem gente que tem a falsa noção de que dentro do Judiciário estão encastelados semideuses e que só existem marajás, queremos desconstituir essa imagem, mostrar que existem que pessoas que trabalham, inclusive estamos perdendo muita gente por conta do salário, onde está o erro, nós temos um órgão sensor”.
“É inadmissível uma pessoa lúcida quando vê uma notícia de R$ 100 mil imaginar que isso seja um salário, alguma coisa aconteceu, ou recebeu férias não gozadas, transferências de comarcas, URV. Se houver alguma errada temos um órgão sensor e não somos loucos”, completou.
Prestes a assumir a vice-presidência, Maria Helena, destacou ainda a “nova roupagem” que a próxima diretora quer dar ao TJ para que o órgão possa ter uma relação aberta com público e mostrar que “não há nada para se esconder”.
Recursos especiais
Póvoas ainda não começou a exercer sua nova função, mas revelou que a demanda é grande para o ano que vem, já que há 10 mil recursos no TJ para serem analisados e definir quais devem ou não “subir” para o Superior Tribunal de Justiça e para o Supremo Tribunal Federal.
Violência contra a mulher
Paralelamente, a desembargadora quer atuar para reforçar as ações de combate a violência contra mulheres mato-grossenses.
Póvoas pretende se espelhar no trabalho realizado pela colega, Maria Erotides e engajar nas atividades.
“É uma área sensível e não tem uma forma mágica. O Brasil inteiro busca alternativas para evitar que mulheres morram com uma ordem judicial na mão. Vamos reforçar a Patrulha feminina, que são mulheres preparadas da polícia que fazem visitas periódicas nas residências das pessoas agredidas e deixar claro para o agressor que se aproximar será preso. Importante também fazer um trabalho de conscientização com as mulheres, que muitas vezes possuem a falsa ideia de que o homem irá mudar e não vai”.
Ela também quer sensibilizar o Executivo para que aumente o número casas de retaguarda para abrigar as vítimas e filhos.