facebook instagram
Cuiabá, 26 de Abril de 2024
logo
26 de Abril de 2024

Penal Terça-feira, 12 de Setembro de 2017, 07:58 - A | A

12 de Setembro de 2017, 07h:58 - A | A

Penal / Campanha de 2010

Cidinho e Silval pediram ajuda financeira a Marfrig em troca de redução de tributos

Em seu depoimento, Silval explicou que recebeu da Marfrig a quantia de R$ 1 milhão, de forma não oficial e que não foi declarado

Lucielly Melo



O senador José Aparecido dos Santos, vulgo “Cidinho Santos”, intermediou uma reunião com o representante do Grupo Marfrig e juntamente com o ex-governador Silval Barbosa, pediram doações financeiras para campanha eleitoral de 2010, já que ele era candidato na suplência de Blairo Maggi para senado e Silval para o governo. Em troca da ajuda, Silval iria beneficiar a empresa, caso fosse eleito.

É o que diz em um dos depoimentos de Silval junto ao Ministério Público Federal (MPF) anexados ao termo de colaboração premiada firmado junto ao órgão e homologado pelo ministro Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

“Que, ainda no ano de 2010 marcaram uma reunião em São Paulo, na sede do Grupo Marfrig, estando presentes o Declarante, "Cidinho", Pedro Nadaf e Marcos Molina, ocasião em que tanto Declarante quanto Cidinho solicitaram ajuda financeira para ambas as campanhas políticas, do Declarante ao governo e de Blairo Maggi ao Senado. Que esclarece que "Cidinho" foi quem intermediou o encontro, porquanto possuía ele amizade com o empresário. Que nessa reunião o Declarante argumentou ao empresário que por conta de a empresa possuir investimentos no Estado, caso viesse a vencer a eleição, iria retribuí-la auxiliando nas questões tributárias, tendo tal proposta sido aceita por Marcos Molina”, revelou o ex-governador.

(...) toda a operacionalização do pagamento de propina do Grupo Marfrig foi realizada por Pedro Nadaf a pedido do Declarante, acreditando que o Grupo tenha pago o valor aproximado de R$ 4.900.000,00 (quatro milhões e novecentos mil reais), somando-se todos os valores de propinas recebidos durante seu mandato, bem como a doação de campanha

Em seu depoimento, Silval explicou que para ajudar em sua campanha eleitoral, ele recebeu da Marfrig R$ 1 milhão, de forma não oficial e que não foi declarado, mas alegou que não se lembra de como recebeu esse valor.

Ele disse que acredita que o “retorno” foi recebido pela coordenação de sua campanha, já que o valor ilícito não lhe foi repassado diretamente.

Durante sua delação, Silval lembrou que em 2011 ficou combinado entre ele, o ex-secretário Pedro Nadaf e o representante da empresa, Marcos Molina, que a empresa continuaria com o pagamento da propina anual de aproximadamente R$ 1.200.000 milhão. Silval ainda disse que as propinas eram gerenciadas por Nadaf, que entregava as quantias ao então governador.

“Que Pedro Nadaf ao receber o 'retorno' retirava o percentual de sua cota correspondente a 20% do valor que lhe era entregue, repassando o restante ao Declarante”, revelou Barbosa.

Silval revelou que o esquema de propina seguiu nos anos de 2012 e 2013, mas que no último ano obteve um aumento no valor ímprobo, recebendo a quantia de R$ 1.500.000 milhão.

Ainda de acordo com o ex-governador, o sistema de propina era para ter continuado em 2014, mas a Marfrig acabou não cumprindo com o acordo devido a empresa ter sofrido uma autuação fiscal da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), motivo que a empresa decidiu resolver a pendência antes de dar continuidade ao pagamento de propina, mas segundo Silval, não o fez.

O delator afirmou, ainda, que em troca do recebimento dos “retornos”, o Grupo Marfrig era beneficiado com redução de tributos, sendo Pedro Nadaf o responsável em fazer as tratativas com a empresa.

“(...) toda a operacionalização do pagamento de propina do Grupo Marfrig foi realizada por Pedro Nadaf a pedido do Declarante, acreditando que o Grupo tenha pago o valor aproximado de R$ 4.900.000,00 (quatro milhões e novecentos mil reais), somando-se todos os valores de propinas recebidos durante seu mandato, bem como a doação de campanha”.

Silval ainda evidenciou que parte da propina foi repassada para a conta da empresa Trimec Construções e Terraplanagem Ltda, de propriedade de Wanderley Fachetti Torres.