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Penal Sábado, 09 de Setembro de 2017, 07:10 - A | A

09 de Setembro de 2017, 07h:10 - A | A

Penal / Atraso nos repasses

Silval diz que diretor do Dnit cobrou R$ 2 mi em propina para liberar obras da Copa

O ex-governador ainda esclareceu que o esquema teve a participação do senador Wellington Fagundes

Lucielly Melo



O ex-governador Silval Barbosa afirma que pagou propina de R$ 2 milhões para o ex-superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), Luiz Antônio Ehret Garcia, atual diretor nacional da instituição, para liberação de recursos das obras da Copa.

O esquema ímprobo foi intermediado pelo senador Wellington Fagundes.

A informação consta em um dos depoimentos do ex-gestor do Estado junto ao Ministério Público Federal (MPF) anexados ao termo de colaboração premiada firmado junto ao órgão e homologado pelo ministro Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

Em depoimento, Silval explicou que em 2011 foi firmado um Termo de Cooperação entre o Estado e o Dnit, com valor aproximado de R$ 160 milhões que previa o investimento em obras de modalidade e travessia urbana em Cuiabá e Várzea Grande.

Os recursos foram usados nas obras dos viadutos do Despraiado, Trincheira Jurumirim/Trabalhadores, Santa Rosa, do Verdão e do complexo viário do Tijucal, além do viaduto da Dom Orlando Chaves.

O ex-governador contou que no final de 2012, o Dnit passou a atrasar os repasses dos valores do termo, e que este atraso perpetuou por quase um ano “sob a alegação de irregularidades nos projetos”.

Segundo Silval, após a demora nos pagamentos, ele foi procurado por Fagundes, que na época era deputado federal, afirmando que o Dnit “não estava fazendo os repasses em razão do não pagamento de propinas, sendo que se o Declarante quisesse receber os repasses do convênio de forma tempestiva teria que pagar propina no valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) para o Luiz Antonio Ehret Garcia”. 

O Declarante tem conhecimento que Maurício Guimarães e Luiz Antônio se reuniram em local que o Declarante não sabe informar, tendo ficado acertado o pagamento do montante de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) para Luiz Antônio

Desta forma, o então governador determinou que o secretário da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), Maurício Guimarães quitasse a propina para Garcia.

“Que após a conversa com Wellington Fagundes, o Declarante, tendo em vista a necessidade de conclusão das obras até a data limite da Copa do Mundo de 2014, se reuniu com Maurício Guimarães, então Secretário da Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo do Estado de Mato Grosso) determinando que ele conversasse com Luiz Antonio Ehret Garcia e pagasse os valores pedidos de propina”, diz um trecho do depoimento.

“(...) o Declarante tem conhecimento que Maurício Guimarães e Luiz Antônio se reuniram em local que o Declarante não sabe informar, tendo ficado acertado o pagamento do montante de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) para Luiz Antônio”, continuou.

Silval teve conhecimento por meio de Guimarães que ele efetuou o repasse de R$ 1 milhão para Garcia, ficando de acertar o restante posteriormente. Contudo, ele não sabe se o ex-secretário da Secopa conseguiu quitar a dívida na sua totalidade, mas tem ciência de que o Dnit voltou a encaminhar os recursos logo após o pagamento da propina.

O delator ainda esclareceu que não sabe se Wellington Fagundes se beneficiou com o referido esquema.

Ele ainda destacou que o pagamento de propina a Luiz Antônio era de recursos oriundos de “retornos” das empresas que prestavam serviços na Secopa, mas não soube dizer quais empresas eram.