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Penal Sábado, 12 de Maio de 2018, 09:00 - A | A

12 de Maio de 2018, 09h:00 - A | A

Penal / OPERAÇÃO BÔnus

Deputado usava ‘fantasma’ para não se vincular à dinheiro ilícito, diz MP

Claudemir dos Santos e o deputado estadual Mauro Savi foram presos na última quarta-feira (9), por serem suspeitos de participar do esquema de propina instalado no Detran-MT

Lucielly Melo



Preso na Operação Bônus, Claudemir Pereira dos Santos, o “Grilo”, teria atuado como um “espectro” (fantasma) do deputado estadual Mauro Savi no suposto esquema instalado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Ele teria sido encarregado de receber a propina que era direcionada ao parlamentar, ocultando o vínculo de Savi com o dinheiro ilícito.

“Nessa direção, indica o Ministério Público, que a propina sai da empresa EIG Mercados Ltda., - passa pela Santos Treinamentos, chega até Claudemir Pereira dos Santos, espectro de Mauro Savi, o qual, a mando deste, dá o direcionamento à propina de modo a beneficiá-lo, sem que ele se vincule diretamente com o dinheiro”, diz trecho da decisão do desembargador José Zuquim, que resultou também na prisão de Savi, Claudemir  e de mais outros 4 alvos da operação.

A propina sai da empresa EIG Mercados Ltda., - passa pela Santos Treinamentos, chega até Claudemir Pereira dos Santos, espectro de Mauro Savi, o qual, a mando deste, dá o direcionamento à propina de modo a beneficiá-lo, sem que ele se vincule diretamente com o dinheiro

Conforme o magistrado, o Ministério Público apontou que, ao receber a propina, Grilo emitia cheques que eram utilizados para pagamentos pessoais de Savi. Esses documentos circulavam até que alguém, sem ter conhecimento da origem do dinheiro, tenha recebido o título em decorrência de algum negócio jurídico lícito, fazia desconto dele.

Outra forma de esconder o envolvimento do deputado, segundo o órgão ministerial, seria a entrega dos cheques para que uma pessoa de confiança realizasse o saque e efetuasse a devolução do valor em espécie à Savi.

“Todo esse engenho, relata o Ministério Público, serve e é eficaz para evitar a produção de provas diretas do recebimento da propina por Mauro Luiz Savi, embora sua imagem seja nítida após a montagem do quebra-cabeças das provas indiretas”, frisou Zuquim.

“Braço-direito”

Segundo o depoimento do sócio da EIG, José Ferreira Gonçalves Neto, Claudemir "era o braço direito”, do deputado.

Grilo também foi acusado de ser o responsável por ter providenciado a documentação necessária para incluir o empresário Rafael Yamada Torres (colaborador no processo) na empresa Santos Treinamentos para que, por meio de Rafael, o ex-governador Silval Barbosa e seu irmão Antonio Barbosa pudessem receber retornos pagos pela FDL/EIG.

Ainda consta na decisão que Claudemir teria recebido o montante de R$ 750 mil, em nome de Savi, como contribuição para campanha eleitoral.

“Isso tudo demonstra que Mauro Luiz Savi e Claudemir Pereira dos Santos trabalham no sentido de dificultar a produção de provas a respeito dos crimes por eles praticados, de modo que suas prisões são necessárias para a garantia da investigação criminal e da futura instrução processual penal”, disse o desembargador José Zuquim.

Operação Bônus

Deflagrada nesta semana, a Operação Bônus (segunda fase da Bereré) teve o intuito de desmantelar organização criminosa que foi instalada no Detran, atuando em esquemas de pagamento de propinas.

Além de Claudemir e Savi, foram presos: o ex-secretário Paulo Taques, seu irmão Pedro Jorge Taques; o empresário Valter Kobori e Roque Anildo Reinheimer.

A operação Bônus é resultado da análise dos documentos apreendidos na primeira fase da Bereré, dos depoimentos prestados no inquérito policial e colaborações premiadas, entre elas da empresa EIG Mercados.