Lucielly Melo
Preso na Operação Bônus, Claudemir Pereira dos Santos, o “Grilo”, teria atuado como um “espectro” (fantasma) do deputado estadual Mauro Savi no suposto esquema instalado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Ele teria sido encarregado de receber a propina que era direcionada ao parlamentar, ocultando o vínculo de Savi com o dinheiro ilícito.
“Nessa direção, indica o Ministério Público, que a propina sai da empresa EIG Mercados Ltda., - passa pela Santos Treinamentos, chega até Claudemir Pereira dos Santos, espectro de Mauro Savi, o qual, a mando deste, dá o direcionamento à propina de modo a beneficiá-lo, sem que ele se vincule diretamente com o dinheiro”, diz trecho da decisão do desembargador José Zuquim, que resultou também na prisão de Savi, Claudemir e de mais outros 4 alvos da operação.
A propina sai da empresa EIG Mercados Ltda., - passa pela Santos Treinamentos, chega até Claudemir Pereira dos Santos, espectro de Mauro Savi, o qual, a mando deste, dá o direcionamento à propina de modo a beneficiá-lo, sem que ele se vincule diretamente com o dinheiro
Conforme o magistrado, o Ministério Público apontou que, ao receber a propina, Grilo emitia cheques que eram utilizados para pagamentos pessoais de Savi. Esses documentos circulavam até que alguém, sem ter conhecimento da origem do dinheiro, tenha recebido o título em decorrência de algum negócio jurídico lícito, fazia desconto dele.
Outra forma de esconder o envolvimento do deputado, segundo o órgão ministerial, seria a entrega dos cheques para que uma pessoa de confiança realizasse o saque e efetuasse a devolução do valor em espécie à Savi.
“Todo esse engenho, relata o Ministério Público, serve e é eficaz para evitar a produção de provas diretas do recebimento da propina por Mauro Luiz Savi, embora sua imagem seja nítida após a montagem do quebra-cabeças das provas indiretas”, frisou Zuquim.
“Braço-direito”
Segundo o depoimento do sócio da EIG, José Ferreira Gonçalves Neto, Claudemir "era o braço direito”, do deputado.
Grilo também foi acusado de ser o responsável por ter providenciado a documentação necessária para incluir o empresário Rafael Yamada Torres (colaborador no processo) na empresa Santos Treinamentos para que, por meio de Rafael, o ex-governador Silval Barbosa e seu irmão Antonio Barbosa pudessem receber retornos pagos pela FDL/EIG.
Ainda consta na decisão que Claudemir teria recebido o montante de R$ 750 mil, em nome de Savi, como contribuição para campanha eleitoral.
“Isso tudo demonstra que Mauro Luiz Savi e Claudemir Pereira dos Santos trabalham no sentido de dificultar a produção de provas a respeito dos crimes por eles praticados, de modo que suas prisões são necessárias para a garantia da investigação criminal e da futura instrução processual penal”, disse o desembargador José Zuquim.
Operação Bônus
Deflagrada nesta semana, a Operação Bônus (segunda fase da Bereré) teve o intuito de desmantelar organização criminosa que foi instalada no Detran, atuando em esquemas de pagamento de propinas.
Além de Claudemir e Savi, foram presos: o ex-secretário Paulo Taques, seu irmão Pedro Jorge Taques; o empresário Valter Kobori e Roque Anildo Reinheimer.
A operação Bônus é resultado da análise dos documentos apreendidos na primeira fase da Bereré, dos depoimentos prestados no inquérito policial e colaborações premiadas, entre elas da empresa EIG Mercados.