Da Redação
Os promotores do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) ingressaram com um pedido na Sétima Vara Criminal de Cuiabá, para anular o acordo de colaboração feito com o advogado Joaquim Fábio Mielli, delator na primeira fase Operação Ventríloquo, após ele ter omitido fatos ilícitos para proteger o deputado estadual Romoaldo Júnior.
Segundo os promotores, ao formalizar o termo, Mielli estava ciente de que uma vez comprovado de que ele sonegasse a verdade ou mentisse em relação aos fatos investigados, o acordo perderia a validade e seria rescindido para todos os efeitos.
O Gaeco explicou que, a partir de conversas ambientais gravadas pelo também colaborador Julio César Domingues rodrigues com os interlocutores Romoando Júnior e Joaquim Fábio, ficou comprovado o envolvimento do parlamentar no esquema criminoso e a certeza de que o advogado tinha conhecimento dessas informações e da participação do deputado nos atos ímprobos que são investigados.
Com a rescisão do acordo, o Gaeco requereu o cancelamento de todos os benefícios propostos inicialmente ao advogado Joaquim Fábio e oferecerá denúncia pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato.
Operação Ventríloquo
A Operação Ventríloquo, deflagrada no ano passado, teve o objetivo de desmantelar uma organização criminosa instalada na Assembleia Legislativa e que teria desviado recursos públicos.
Consta na denúncia, que entre os anos de 2013 e 2014 “os investigados junto com parlamentares estaduais constituíram uma organização criminosa estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas com um único objetivo: saquear os cofres da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso”.
No mesmo período os acusados teriam ocultado e dissimulado a natureza e a origem dos valores provenientes da infração penal cometendo o crime de lavagem de capitais.
Na época, a AL contratou um seguro junto ao antigo Bamerindus Companhia de Seguros na década de 90 (hoje HSBC, que o incorporou), porém, não quitou os valores devidos, o que levou à seguradora ingressar com a ação de execução no ano de 1997.
Na época os promotores concluíram que entre os meses de fevereiro à abril de 2014 os denunciados subtraíram cerca de R$ 9,5 milhões em proveito próprio e alheio valendo-se da condição de funcionários públicos de alguns de seus membros.