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Penal Terça-feira, 16 de Outubro de 2018, 17:17 - A | A

16 de Outubro de 2018, 17h:17 - A | A

Penal / “EM BUSCA DA VERDADE REAL”

Cabo volta atrás, confessa que frequentou casa noturna e pede para não ser preso

De acordo com a defesa, Gerson Correa teria ido ao Malcon Pub para acalmar ânimos da esposa, já que teriam protagonizado uma discussão horas antes

Lucielly Melo



O cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Correa Junior, acabou confessando que descumpriu ordem judicial e frequentou a casa noturna Malcom Pub, em Cuiabá.

Gerson, que é um dos militares réus no caso da “Grampolândia Pantaneira”, havia sido acusado pelo Ministério Público de ter visitado o estabelecimento entre 1h49 e 2h52 do último dia 30 de agosto, quando deveria estar em sua residência, já que precisa cumprir medida cautelar que o proíbe de se ausentar de sua casa no período noturno.

Quando o fato veio à tona, a defesa chegou a rebater às acusações, negando que o acusado teria deixado sua residência naquela noite.

O Ministério Público então obteve novos documentos e dados que confirmaram a presença do cabo no local, inclusive com dados da biometria do acusado, captura de tela do sistema de cadastro de clientes do estabelecimento e comanda de pessoas que estiveram em companhia do militar.

Diante das novas informações, o juiz Murilo Mesquita mandou a defesa se explicar.

Não seria nesse momento em que se afunila a ação penal, e que estamos a praticamente alguns dias da sentença declaratória, que o acusado Cb. PM Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior, por intermédio de sua defesa, deixariam de narrar e descrever a verdade real sobre os fatos em comento, mesmo que tenha que "cortar a própria carne"

Desta vez, o advogado Neyman Monteiro, que defende Gerson, declarou que, considerando que o cabo tem colaborado com a justiça para identificar a participação de outros membros no suposto esquema de grampos, “não seria nesse momento em que se afunila a ação penal, e que estamos a praticamente alguns dias da sentença declaratória, que o acusado Cb. PM Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior, por intermédio de sua defesa, deixariam de narrar e descrever a verdade real sobre os fatos em comento, mesmo que tenha que "cortar a própria carne"".

Na confissão, cujo o Ponto na Curva teve acesso, a defesa relatou que, desde que o fato foi noticiado, o acusado não se sentiu confortável para “descontruir uma veracidade” e que os argumentos anteriormente ditos na tentativa de desfazer a ida do cabo à casa noturna “não serão levados adiante da defesa, notadamente pelo acusado, por entendermos que proferir a verdade sempre é o melhor caminho a seguir, bem como a manutenção da VERDADE".

Discussão de casal

Segundo o advogado, o motivo que fez o cabo ir até à casa noturna foi um desentendimento que ele teve com sua esposa horas antes, que estaria "desapontada e com nervos à "flor da pele".

Na tentativa de acalmá-la, de acordo com as explicações da defesa, o cabo então teria levado sua esposa para o Malcom Pub.

"Esse episódio, infelizmente, instigou o deslocamento imediato, impensado e desastroso do acusado Cb. Gerson em companhia de um casal de amigos da família até o local (Malcon Pub) para acalmar os ânimos da sua esposa, remover as ideias despontadas e buscá-las daquele ambiente, a todo custo. E isso de fato aconteceu".

"Sem delongas e outras justificativas, o acusado confirma que esteve no local naquela data e no horário descrito, em companhia do casal de amigos que o acompanhou, se identificou normalmente como todos os outros clientes, sem escondes nenhuma informação, tais como: nome, CPF, RG, biometria e logrou êxito em realizar o propósito de buscar a sua esposa do local”, destacou.

Problemas com a tornozeleira

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Advogado Neyman Monteiro, que defende o cabo Gerson Correa

Coincidentemente, no mesmo dia em que o acusado esteve na casa noturna, sua tornozeleira apresentou problemas de localização, o que fez o Ministério Público acusar o cabo de violar o equipamento.

Entretanto, Neyman Cordeiro esclareceu que a tornozeleira apresentou “graves falhas” e que, inclusive, precisou ser substituída por outro equipamento.

Justificou, ainda, que o fato não tem relação nenhuma com a ida do seu cliente à casa de festa.

"Não há que se falar em premeditação de fatos, ou que o acusado já havia planejado ou arquitetado uma briga familiar para sair pela noite. É claro que isso não aconteceu. Aliás, os problemas que já incidiam na tornozeleira foram agravados entre os dias 29.08.2018 e 31.08.2018 e que desabrochou na troca total da tornozeleira, como já exaustivamente explanado em manifestação anterior”, frisou.

Tropa de Elite

Ainda no documento, a defesa comparou Gerson ao personagem Capitão Nascimento, do filme Tropa de Elite, já que, ao confessar o erro, prefere "cortar a mão para salvar o braço".

"O cabo Gérson desde o início do processo NUNCA fez referência em faltar com a verdade, nem tampouco agora nos fatos que é acusado, por analogia lastreado na Lei Complementar nº 231/2005 - Estatuto dos Militares".

Pedidos

Ao final, Neyman Cordeiro pediu para que o juiz Murilo Mesquita acolha sua manifestação que apontam os problemas técnicos da tornozeleira.

Pediu, também, para que o magistrado mantenha a liberdade do acusado, diante da “explicação verdadeira” explanada, solicitando uma audiência de justificação para interrogar o militar e testemunhas.

Caso os pedidos não sejam acolhidos, requereu para que seja oficializado à Diretoria do Fórum de Cuiabá para fornecer registro de entrada e saída do acusado entre os dias 29 e 31 de agosto, ocasiões em que compareceu a Sala de Monitoramento do Fórum.