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Penal Domingo, 12 de Novembro de 2017, 08:56 - A | A

12 de Novembro de 2017, 08h:56 - A | A

Penal / Esquema ilícito

Ex-Secopa teria ciência da negociação de propinas na compra de vagões do VLT

A informação consta no acordo de colaboração premiada do ex-secretário, Pedro Nadaf

Lucielly Melo



O ex-secretário da Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), Pedro Nadaf, revelou em seu acordo de colaboração premiada que o ex-titular da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), Maurício Guimarães, deve ter ciência de como se deu a negociação espúria do pagamento de propina na compra dos vagões do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).

“Quem pode ter conhecimento mais profundo sobre o assunto é o ex-secretário da Secopa, Maurício Guimarães”, afirmou o delator.

Em um dos depoimentos prestado junto ao Ministério Público Federal (MPF), Nadaf disse que o ex-governador Silval Barbosa lhe questionou se tinha conhecimento de como funcionava o sistema financeiro na Suíça, já que ele afirmou que tinha para receber cerca de 8 milhões de euros oriundos de propinas pagas pela empresa espanhola CAF, responsável pela venda dos vagões do modal ao governo de Mato Grosso.

O Declarante chegou a insistir com o governador que se fosse do interesse dele iria se informar em sua viagem para a Suíça a fim de direcioná-lo; no entanto Silval Barbosa respondeu que não havia necessidade, pois ele já sabia como iria resolve

“O Declarante afirmou ao ex-governador que não conhecia o sistema, mas que poderia se informar se fosse do interesse dele; o Declarante ainda ponderou ao ex-governador que ele, Silval Barbosa, possuía parentes na Suíça, parentes diretos da Sra. Roseli Barbosa, esposa de Silval Barbosa, e que eles poderiam melhor auxiliá-lo nesse assunto”, explicou.

Ele ainda contou que em 2012, a então primeira dama do Estado, Roseli Barbosa, foi até a Suíça visitar alguns parentes, momento em que o delator insistiu com o governador para que ele o direcionasse em sua viagem para aquele país, entretanto, o ex-governador negou a ajuda.

“(...) o Declarante chegou a insistir com o governador que se fosse do interesse dele iria se informar em sua viagem para a Suíça a fim de direcioná-lo; no entanto Silval Barbosa respondeu que não havia necessidade, pois ele já sabia como iria resolver”.

Conforme o depoimento do colaborador, o pagamento dos vagões foi feito pelo governo diretamente para a empresa CAF e não através do consórcio que estava gerindo a construção do VLT.

“Silval Barbosa tinha certas reservas com o Declarante sobre esse assunto, não esclarecendo detalhes acerca do recebimento dessas propinas dos vagões do VLT”, continuou.

Providências

A Procuradoria-Geral da República (PGR) requereu que seja feito o desmembramento do feito a 7ª Vara da Seção Judiciária de Mato Grosso, além de pedir para que o compartilhamento do anexo com o Ministério Público do Estado (MPE).

Outro lado

A reportagem entrou em contato com o advogado Vinícius Segatto, que defende o ex-secretário e ele afirmou que irá se manifestar apenas nos autos.