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Penal Sábado, 10 de Novembro de 2018, 07:29 - A | A

10 de Novembro de 2018, 07h:29 - A | A

Penal / EM SÃO FÉLIX DO ARAGUAIA

Fazendeiro é preso por manter trabalhadores em trabalho escravo

Os policiais encontraram os trabalhadores com dívidas com o patrão que nunca reduziam, comidas e bebidas insuficientes, assédios e ameaças, habitações sujas e condições sub-humanas

Da Redação



O dono da Fazenda Mata Verde, localizada em São Félix do Araguaia, Fernando Jorge Bittencort da Silva foi preso pela Polícia Judiciária Civil por manter trabalhadores em trabalho escravo.

Ao cumprir o mandado de busca e apreensão oriundo da Comarca de São Félix do Araguaia, os policiais encontraram os trabalhadores com dívidas com o patrão que nunca reduziam, comidas e bebidas insuficientes, assédios e ameaças, habitações sujas e condições sub-humanas.

O suspeito foi preso em flagrante por redução à condição análoga de escravidão e por posse irregular de arma de fogo (foram apreendidas na propriedade, munições de calibre .36).

Ele é investigado também por outros crimes, dentre eles o homicídio que vitimou um fazendeiro, no ano de 2016, e ainda por integrar uma rede de tráfico internacional de drogas.

Em março de 2017, durante deflagração da Operação Zona Rural Segura, foram apreendidas diversas armas de fogo na mesma propriedade, incluindo pistolas automáticas de uso restrito das forças policiais, com carregadores alongados. Na ocasião também foi cumprido contra ele um mandado de prisão temporária.

O suspeito possui ainda condenação de 9 anos de reclusão na Comarca de Caxias do Sul (RS) por tráfico internacional de drogas e de armas.

Dívida crescente

Os trabalhadores da Fazenda Mata Verde relataram aos policiais que não tinham a carteira de trabalho assinada e os salários estavam atrasados. Eles ainda eram constrangidos a assinar recibos sobre pagamentos no valor de R$ 6 mil, no entanto, recebiam próximo de R$ 1.000.

Fernando informava aos funcionários que o restante do valor era retido por ele para pagar as dívidas que os trabalhadores contraíam ao usar a estrutura da propriedade e a alimentação que consumiam, porém nunca mostrou aos contratados notas fiscais ou detalhou as supostas dívidas. Um dos exemplos de preços abusivos que teriam sido repassados por Fernando era o da gasolina, que cobrava R$ 10, o litro.

No começo da noite, os funcionários contaram que usavam a bateria de uma motocicleta para conseguir iluminar o alojamento, distante cerca de 04km da sede da fazenda. Eles também dormiam em camas improvisadas (colchões sobre tijolos) ou redes, e não tinham acesso a banheiro. Também eram impedidos de sair do "emprego" antes de quitar todo o débito com Fernando.

Investigação

De acordo com a delegada à frente do trabalho, Lizzia Kelly Ferraro Noya, o ponto de partida para a ação na fazenda, e a representação pelo mandado de busca e apreensão, foi a fundada suspeita de que Fernando continuasse a possuir armas de fogo no local, mesmo após ações pretéritas que aprenderam armamento no local.

Os trabalhos prosseguem na Delegacia de Polícia de São Félix do Araguaia, especialmente no intuito de identificar outros trabalhadores que teriam sido submetidos à condição análoga de escravidão.

O suspeito foi encaminhado para unidade prisional (cadeia pública) ficando à disposição do Judiciário. (Com informações da Assessoria da PJC)