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Penal Quarta-feira, 24 de Maio de 2017, 08:45 - A | A

24 de Maio de 2017, 08h:45 - A | A

Penal / camaradagem

Nadaf confessa ter usado amigo como “laranja” para obter terreno em Poconé

Na revelação Pedro Nadaf ainda disse que seu colega não sabia da origem do dinheiro utilizado para a compra do imóvel

Lucielly Melo



O ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf confessou ter usado o nome do diretor do Serviço Social do Comércio (Sesc), Marcos Amorim como “laranja” para comprar bens com dinheiro de origem ilícita, parte dele descoberto com a Operação Seven.

Em depoimento dado ao Grupo de Atuação do Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em setembro do ano passado, Nadaf disse que Marcos foi registrado como dono de um terreno de aproximadamente 700 hectares, localizado em Poconé (102 km de Cuiabá) por ele “ser colega de trabalho de longa data e seu amigo” e que não o terreno não poderia estar em seu nome devido problemas conjugais. 

"Que ressalta que Marcos Amorim da Silva por ser colega de trabalho do interrogando de longa data e seu amigo, o qual ainda cuidava do investimento do interrogando no ramo de pecuária, concordou em figurar como procurador do imóvel tendo em vista ter o interrogando dito a ele que não poderia aparecer como dono do bem por conta de problemas conjugais que estava tendo com sua companheira”

“Que o interrogado usou parte de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) que coube a sua pessoa nesse esquema para adquirir uma propriedade rural de cerca de 700 hectares no município de Poconé-MT, no início do ano de 2014; Que o referido imóvel, em que tenha sido adquirido pelo interrogando foi colocado em nome de Marcos Amorim da Silva (diretor do Sesc); que ressalta que Marcos Amorim da Silva por ser colega de trabalho do interrogando de longa data e seu amigo, o qual ainda cuidava do investimento do interrogando no ramo de pecuária, concordou em figurar como procurador do imóvel tendo em vista ter o interrogando dito a ele que não poderia aparecer como dono do bem por conta de problemas conjugais que estava tendo com sua companheira”, relata um trecho do depoimento.

Ainda em sua confissão, Pedro Nadaf afirmou que seu colega desconhecia a origem do dinheiro usado para a compra do terreno.

“Que em momento algum o interrogando contou a Marcos Amorim da Silva que o dinheiro usado na compra dessa fazenda era oriundo de desvio de dinheiro público; que para compra dessa fazenda o interrogando também se utilizou de dinheiro de propinas recebidas em outras situações, contudo não se recorda”, continuou.

Operação Seven

Deflagrada no dia 1º de fevereiro, a Operação Seven desbaratou uma organização criminosa por esquemas de desvios de R$ 7 milhões dos cofres públicos.

De acordo com o MPE, o esquema iniciou com uma solicitação para que o Estado de Mato Grosso realizasse a aquisição de uma área de terra rural, para ser acrescida ao Parque Estadual Águas do Cuiabá.

O processo tramitou por vários órgãos públicos estaduais (Sema, antiga SAD, Casa Civil e Intermat), onde passou pela análise “técnica” de vários agentes públicos, para que, ao final, fosse realizado o indevido pagamento dessa área.

Entretanto, as investigações constataram que essa área já pertencia ao Estado de Mato Grosso, ou seja, a mesma área foi paga duas vezes.

São réus nesta operação: o ex-governador Silval Barbosa, ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf, José de Jesus Nunes de Cordeiro, Afonso Dalberto e Filinto Correia da Costa.