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Cuiabá, 05 de Fevereiro de 2025

Justiça Estadual Quinta-feira, 01 de Dezembro de 2022, 08:19 - A | A

Quinta-feira, 01 de Dezembro de 2022, 08h:19 - A | A

GARIMPOS ILEGAIS

PF cumpre mandados contra esquema que deixou prejuízo de R$ 1 bi

Os crimes em apuração estão intrinsecamente relacionados ao contrabando e acobertamento de mercúrio, produto destinado ao abastecimento de garimpos em estados da Amazônia Legal

Da Redação

A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (1°), Operação Hermes (Hg), para cumprimento de mandados judiciais em Mato Grosso e outros cinco Estados, com o objetivo de apurar e reprimir crimes contra o meio ambiente, comércio ilegal de mercúrio, organização e associação criminosa, receptação, contrabando, falsidade documental e lavagem de dinheiro.

Os crimes em apuração estão intrinsecamente relacionados ao contrabando e acobertamento de mercúrio, produto destinado ao abastecimento de garimpos em estados da Amazônia Legal (Mato Grosso, Rondônia e Pará).

A Operação Hermes (Hg) é a maior operação de desarticulação de uso ilegal de mercúrio da história.

Na data de hoje, entre as medidas judiciais em cumprimento pela Polícia Federal, determinadas pela Primeira Vara Federal em Campinas (SP), estão: cinco mandados de prisão preventiva, nove de prisão temporária (até 5 dias) e 49 mandados de busca e apreensão. As ordens são cumpridas, além de Mato Grosso, nos estados de São Paulo, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rondônia.

Em Mato Grosso, a ação policial ocorre em Aripuanã, Poconé, Cuiabá, Nossa Senhora do Livramento, Sinop, Várzea Grande e Rondonópolis.

Além dos mandados, também foram determinados o sequestro e indisponibilidade de bens dos investigados em montante superior a R$ 1.116.000.000,00 bilhão, correspondente ao valor calculado de prejuízo ao erário.

O esquema

A operação engloba, ainda, de forma concomitante, a fiscalização de áreas de mineração pelo Ibama, com a possibilidade de aplicação de multas, suspensão de atividades e embargos, assim como a apuração de condutas de pessoas físicas e jurídicas envolvidas com a importação e comércio de mercúrio, recicladoras de resíduos e mineradoras de ouro com sedes em municípios nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso e Pará.

O principal objetivo é eliminar um esquema criminoso de fraudes no CTF (Cadastro Técnico Federal), que é o sistema de controle de importação e comércio de mercúrio metálico, sob responsabilidade do IBAMA.

O CTF prevê que toda a comercialização e uso de mercúrio metálico no Brasil ocorra em estrito cumprimento da legislação. Esse escopo institucional é chave para a implementação da Convenção Internacional de Minamata, ratificada pelo Brasil em 8.8.2017, após aprovação pela ONU.

O controle de mercúrio é instrumento de proteção ambiental e defesa da saúde pública, uma vez que seu mau uso pode contaminar rios em que são utilizados, comprometendo animais, peixes e humanos. Trata-se de elemento tóxico que pode causar danos irreversíveis, inclusive no sistema nervoso central e levar à morte.

Como o Brasil não extrai a substância da natureza, sua origem está na importação ou reciclagem de resíduos como lâmpadas e materiais odontológicos.

Sendo legal a origem, os proprietários têm direito a lançar seus créditos em quilogramas no sistema de controle de mercúrio do CTF e realizar vendas para empresas licenciadas pelos órgãos ambientais estaduais.

As fraudes identificadas e investigadas tem como modus operandi o lançamento de dados falsos no sistema e a partir daí a comercialização de créditos virtuais fictícios que acobertam vendas e transporte de mercúrio real sem origem legal.

A investigação aponta para indícios de mais de 2 toneladas de mercúrio comercializadas mediante a utilização de métodos criminosos em detrimento dos sistemas de controle do Ibama.

Espera-se que, ao final, mais de 5 toneladas de créditos de mercúrio sem origem sejam eliminados do CTF.

Nome da operação

O nome da Operação Hermes (Hg), faz alusão ao nome do deus grego equivalente ao deus Mercúrio para os romanos, enquanto o (Hg) faz referência ao nome do elemento na tabela periódica. (Com informações da Assessoria da PF)