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OAB Sexta-feira, 08 de Novembro de 2024, 14:00 - A | A

08 de Novembro de 2024, 14h:00 - A | A

OAB / ELEIÇÕES DA OAB-MT

Candidato de oposição, Pedro Paulo afirma que representa a única chapa de mudança

Pela primeira vez, as eleições vão ocorrer de forma online, no próximo dia 18

Lucielly Melo



As eleições para definir os novos membros da Diretoria da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) se aproximam e trazem à tona as principais discussões da advocacia do estado. Assim, o Ponto na Curva dá sequência à série de entrevistas com os candidatos à Presidência da entidade.

Nesta sexta-feira (8), o entrevistado é o advogado Pedro Paulo, que encabeça a Chapa 2, considerada de oposição à atual presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso, que busca a reeleição.

Pedro Paulo falou sobre o que o levou a se candidatar, criticou o termo celebrado entre a OAB-MT e o Judiciário, que segundo ele, limita a advocacia de representar contra magistrados, além de destacar a proposta de isenção da anuidade ou a cobrança de um valor simbólico à jovem advocacia.

As eleições vão ocorrer, de forma inédita, online, no próximo dia 18.

No dia 15, vai ao ar a última entrevista, com a presidente Gisela Cardoso.

CONFIRA ABAIXO A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA COM PEDRO PAULO:

Ponto na Curva: Para começar, quem é Pedro Paulo?

Pedro Paulo: Sou administrador de empresas, pós-graduado em gestão empresarial, advogado especialista em Direito Tributário e professor universitário. Vim de uma família simples. Eu era garçom de um restaurante em que minha mãe era cozinheira e fiz administração de empresas para ser gerente desse restaurante. Fazendo pós-graduação, encontrei o Direito Tributário, iniciei minha carreira no Direito e vim para a especialização no Direito Tributário, leciono e atuo na área.

Ponto na Curva: O que o levou a entrar na disputa pelo comando da OAB?

Pedro Paulo: O descontentamento. Desde 2021, nós percebemos que os colegas não se sentiam representados pela atual gestão da OAB-MT. Pela submissão da OAB para com os poderes, seja Executivo ou Judiciário, e pela falta de posição em defesa das prerrogativas, é o que me motivou a buscar algo diferente. A nossa chapa é a única de oposição. Se pegar o desenho das outras chapas, tem a chapa que tenta a recondução, que é da doutora Gisela, que participava desse grupo que tem, no mínimo, 10 anos juntos. A Xênia é uma ramificação desse grupo. A quarta chapa é de um membro que, até agosto, era procurador de prerrogativas nomeado pela própria Gisela. Então, a chapa 2 é a verdadeira de oposição para ocupar a Presidência da OAB-MT. Temos uma boa divisão, dentro da nossa chapa, com membros do interior, algo que foi muito ventilado pelas chapas anteriormente, mas que nunca foi efetivamente feito. Temos uma candidata vice-presidente que é do interior. Nosso Conselho Federal, são quatro candidatos do interior e dois da Capital. A chapa é inclusiva, traz a interiorização, prefiro até usar outro termo: a ideia é de interação.

Ponto na Curva: A defesa das prerrogativas da advocacia é umas pautas da campanha. Hoje, a advocacia ainda tem suas prerrogativas violadas. O que fazer para combater isso?

Pedro Paulo: Primeiramente, ter uma OAB que seja independente do Judiciário. Discuto muito o termo de cooperação assinado pela Gisela, que foi criado pelo Leonardo Campos, que hoje apoia Xênia, e foi revalidado, o qual limita a atuação dos advogados, no que tange à representação contra magistrados. É um termo que sequer deveria existir, até no campo da imaginação. Imagina a presidente da OAB assinar esse termo? E essa assinatura, além de trazer a submissão da OAB perante o judiciário, entregou as nossas prerrogativas para o Judiciário. Numa outra via, quando algum magistrado pensa em representar o advogado, ele representa diretamente no TED. Temos uma OAB acovardada e submissa ao Poder Judiciário. Isso tem que acabar.

Ponto na Curva: Outra pauta de campanha é o modelo de indicação da lista sêxtupla da vaga do quinto constitucional, já que novas vagas estão prestes a surgir no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. É a favor da eleição direta?

Pedro Paulo: Ouvindo a advocacia de Mato Grosso, temos grupos ou chapas de apoio em 22 das 29 subseções do estado. O que estamos ouvindo muito em relação à lista sêxtupla, é que ela não seja da forma como foi feita, havia uma indicação prévia, já sabia quem seria o desembargador e a OAB apenas cumpriu tabela. Queremos uma lista sêxtupla que efetivamente a advocacia escolha os candidatos ao desembargo. Alguns colegas entendem que a eleição direta é o melhor caminho. Temos uma proposta de ser híbrida, metade ser direta e a outra escolha por conselheiros. Isso está sendo muito discutido dentro do nosso projeto.

Ponto na Curva: Pela primeira vez, as eleições serão online e com a paridade de gênero. O que isso representa para advocacia?

Pedro Paulo: Pelo o que percebemos das eleições de outras instituições e da própria OAB de outros estados, diminuiu muito o índice de abstenção. Acredito que agora vamos ter uma diminuição significativa.
A paridade de gênero, desde as eleições passadas, já foi respeitada. A nossa chapa, por óbvio, respeita.

Ponto na Curva: A inserção do jovem advogado no mercado de trabalho é um desafio. Como a OAB pode contribuir com esses profissionais?

Pedro Paulo: Essa é uma pauta que levantamos, entendemos que a OAB precisa incluir ainda mais o jovem advogado em seus quadros. Temos a proposta de ter a menor anuidade do Brasil. A ideia que temos que se isente a anuidade do jovem advogado até 3 anos ou se cobre um valor simbólico. Isso já poderia ser feito, mas não foi porque a OAB de Mato Grosso não tem regras para os gastos que vem realizando. Hoje, se gasta muito com festas, com eventos que não têm resultados para a advocacia. Se economizar com os gastos desnecessários, a gente consegue implantar esse sistema de isenção ou de cobrança simbólica da anuidade para o jovem advogado. Além disso, promover mais cursos, que sejam práticos e para o dia a dia do jovem advogado.

Ponto na Curva: A publicidade na advocacia, ainda que informativa (conforme previsão legal), para muitos ainda é um tabu. No entanto, vivemos numa era digital. Como conciliar isso?

Pedro Paulo: É uma realidade que já existe, está sendo utilizada pelos colegas e é preciso regulamentar. Já existe uma regra, mas é preciso debater mais o tema e deixar os colegas livres para poderem se apresentar nas redes sociais ou nesses ambientais virtuais, mas que as regras sejam estabelecidas. Eventualmente, quem descumprir a regra tem o Tribunal de Ética para isso.

Ponto na Curva: Os tribunais brasileiros se preparam para o uso da Inteligência Artificial. A advocacia também caminha para isso? É um desafio?

Pedro Paulo: Esse é um grande desafio, assim como tempos atrás a publicidade foi desafio para advocacia, aqui também existe uma mudança de paradigma. É importante que a gente acompanhe de perto. Temos um grupo de trabalho pré-disposto a acompanhar essa mudança. Seremos muito mais atuantes nesse ponto para ver qual é o caminho a ser dado com a inteligência artificial.

Ponto na Curva: Para finalizar, porque os advogados mato-grossenses devem votar na Chapa 2?

Pedro Paulo: A chapa 2 é uma chapa de renovação, que representa a mudança, é a chapa que inclui, que traz membros que podem fazer a diferença no dia a dia da advocacia. Então, no dia 18 de novembro, peço apoio e voto para a chapa 2 para que possamos fazer a verdadeira mudança na Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso. E a única chapa de oposição que temos hoje.