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21 de Novembro de 2024

OAB Sexta-feira, 15 de Novembro de 2024, 14:00 - A | A

15 de Novembro de 2024, 14h:00 - A | A

OAB / ELEIÇÕES DA OAB-MT

Gisela destaca avanços e cita chapa renovada na busca pela reeleição

Encerrando a série de entrevistas com os candidatos à Presidência da OAB, entrevistada desta sexta-feira (15) é a advogada Gisela Cardoso

Lucielly Melo



Encerrando a série de entrevistas com os candidatos à Presidência da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), a entrevistada desta sexta-feira (15) é a advogada Gisela Cardoso.

Ela é a atual presidente da entidade e tenta a reeleição com a Chapa 1, denominada “OAB Segue em Frente.

Ao Ponto na Curva, Gisela destacou seus serviços frente à OAB e que sua chapa tem serviços prestados, mas também está renovada. “Temos 85% de renovação na sua composição da chapa. Isso demonstra nosso compromisso em trazer novas ideias, em trazer novas pessoas. Agora, a OAB segue em frente”.

Falou ainda das eleições online, que, para ela, democratiza ainda mais o processo eleitoral, permitindo que todo advogado apto possa exercer o seu direito.

De forma inédita, a OAB-MT fará as eleições online, no próximo dia 18 de novembro.

CONFIRA ABAIXO A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

Ponto na Curva: Para começar, quem é Gisela Cardoso?

Gisela Cardoso: Sou uma mulher advogada, esposa, mãe, corredora, atual presidente da OAB-MT e candidata à reeleição. Confesso que sinto orgulho de quem venho me tornando a cada dia, a cada aprendizado. Eu nasci em Presidente Prudente, interior de São Paulo, e vim com minha família para o interior de Mato Grosso ainda criança, com cinco anos de idade. Fomos para a cidade de Colíder e depois vim para Cuiabá para estudar Direito. Sou casada com o Marlon, que é advogado e meu sócio e sou a mãe do João Pedro. Eu sou muito autêntica e verdadeira. E talvez seja essa uma das minhas qualidades. Quem me conhece sabe que não costumo falar muito sobre mim, o que acabou me rendendo a fama de "durona". Não sou dura, mas sou firme nos meus posicionamentos e no que acredito. Sou uma advogada que vive da advocacia, eu e meu marido. Não somos empresários, não temos outra fonte de renda, vivemos exclusivamente da advocacia, por isso minha crença e minha defesa pela advocacia. Sou uma mulher que luta verdadeiramente para que a mulher tenha seu espaço garantido e respeitado em todos os lugares da sociedade e em todas as profissões e carreiras, com garantia de direitos, igualdade salarial e com oportunidades de crescimento e igualdade na carreira. Eu nunca pensei em ser presidente da OAB, mas cheguei a este cargo e fico feliz em ver que aquela Gisela, que saiu de Colíder, lutou pelo que acreditava, que teve coragem de seguir os seus sonhos e os tem realizado.  

Ponto na Curva: O que a levou a entrar na disputa pela reeleição na OAB?

Gisela Cardoso: Eu não sou covarde. Eu poderia ter me acomodado e finalizado essa gestão, fechado a minha mala, porque cumpri meu papel. Estou entregando uma gestão com mais de 80% de aprovação. Fiz história. Mas, quando percebi que precisávamos continuar avançando na gestão da OAB, precisávamos continuar com o rompimento com o que está aí há mais de 20 anos, romper com uma velha política que já não tem mais espaço no nosso sistema. Quando percebi que o meu posicionamento seria determinante para isso acontecer, mais uma vez eu me encorajei. Mais uma vez, eu não deixo que a covardia tome conta das minhas decisões. Então, eu aceitei a proposta do grupo que me acompanha hoje para concorrer novamente. Para enfrentarmos um grupo que não quer renovação, que quer perpetuar. Nós conseguimos avançar muito nestes últimos três anos, na independência da OAB-MT, na valorização da classe, na qualificação dos advogados e a advogadas, na participação e valorização da Jovem Advocacia e da advocacia do interior, da Capital e na defesa das prerrogativas. Nossa chapa tem serviços prestados, mas também está renovada. Temos 85% de renovação na sua composição da chapa. Isso demonstra nosso compromisso em trazer novas ideias, em trazer novas pessoas. Agora, a OAB segue em frente.  

Ponto na Curva: A defesa das prerrogativas da advocacia é umas pautas da campanha. Hoje, a advocacia ainda tem suas prerrogativas violadas. O que fazer para combater isso?

Gisela Cardoso: A advocacia é indispensável à administração da Justiça e, consequentemente, a garantia dos direitos da população, e por isso as prerrogativas são fundamentais. Sempre tive e vou continuar tendo como prioridade a defesa das prerrogativas profissionais, com enfrentamento permanente do aviltamento dos honorários advocatícios, em parceria com a Procuradoria dos Honorários e Procuradoria de Defesa de Prerrogativas que foram instaladas na nossa gestão na OAB. São fundamentais também campanhas de conscientização sobre a importância das prerrogativas, para se criar uma cultura de respeito às prerrogativas junto às autoridades e à sociedade. Trabalhei para o fortalecimento ainda mais do Tribunal de Defesa das Prerrogativas por meio do aumento de número de advogados para compor o Tribunal. E por fortalecer constantemente a efetivação da ausência de hierarquia entre os agentes da justiça e a advocacia. Estamos vivendo uma crise nacional, não apenas em Mato Grosso, mas em todo Brasil, de violação das prerrogativas com ataques, atentados e violência contra os advogados. Em julho deste ano, eu encaminhei ao Conselho Federal um pedido de criação do Plano Nacional de Defesa do Exercício da Profissão do Advogado. Nesse Plano, nós pedimos o empenho do Conselho Federal e de todas as Seccionais para aprovação, com urgência, de três projetos que tramitam no Congresso, sendo eles:  a tipificação do crime de homicídio praticado contra o advogado; outro é a concessão de medidas protetivas aos advogados que estão sendo ameaçados no exercício da profissão; e um terceiro projeto de lei de suma importância que trata da questão do porte de armas para os advogados. O advogado é o único dos atores do sistema de justiça que não possui a prerrogativa do porte de armas.    

Ponto na Curva: Outra pauta de campanha é o modelo de indicação da lista sêxtupla da vaga do quinto constitucional, já que novas vagas estão prestes a surgir no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. É a favor da eleição direta.

Gisela Cardoso: Eu sempre sou a favor do processo mais democrático. Sempre a favor da democracia. Vou tratar a indicação ao quinto constitucional da mesma forma que tratei em 2023, com responsabilidade e transparência. Todas as propostas serão colocadas, analisadas e votadas pelo Conselho Estadual da Seccional. Particularmente, já manifestei que me agrada muito a possibilidade de se fazer a escolha do quinto com eleições diretas, com a participação de toda advocacia. O Conselho da Seccional terá a oportunidade de analisar todas as propostas apresentadas e escolher a que for melhor para a advocacia de Mato Grosso.

Ponto na Curva: Pela primeira vez, as eleições serão online e com a paridade de gênero. O que isso representa para advocacia?

Gisela Cardoso: A decisão de fazer as eleições online foi minha. Em janeiro deste ano, fiz a manifestação para o presidente do nosso Conselho Federal. Em março, eu fiz o ofício formalizando o pedido de realização de eleições online. Foi uma decisão de abraçar a advocacia de todo Mato Grosso. Decisão de democratizar ainda mais o processo eleitoral, permitindo que todo advogado apto possa exercer o seu direito. Pensando, especialmente, naquele advogado que está distante da Capital e que não reside em uma cidade que tenha uma Subseção. As cidades são muito distantes uma da outra em Mato Grosso. Temos advogados que em 10 anos de atuação nunca votaram nas eleições da OAB, porque não podiam se descolocar quilômetros para votar. Foi pensando nessa advocacia que decidi fazer a eleição online. É uma forma de democratizar mais o processo. Uma forma de fazer com que a advocacia mato-grossense, que esteja apta, possa participar desse processo.  

Ponto na Curva: A inserção do jovem advogado no mercado de trabalho é um desafio. Como a OAB pode contribuir com esses profissionais?

Gisela Cardoso:  A Jovem Advocacia tem um papel importantíssimo na nossa gestão. Toda Comissão Temática tem um jovem advogado diretor, isso foi determinação minha desde o início. Os jovens advogados e advogadas nos entregaram um tripé de propostas a serem construídas, que são: estrutura, qualificação e empregabilidade e são inúmeras as ações que temos desenvolvido para a Jovem Advocacia, como cursos de capacitação específica com o Projeto de Iniciação à Advocacia; criação do Banco de Talentos; Feira de Oportunidades, promovendo o encontro dos jovens advogados com escritórios que estão em busca de novos profissionais; escalonamento da anuidade jovem advocacia e ampliação na forma de pagamento com cartão de crédito ou crédito recorrente; aumento dos percentuais de desconto. Nossa chapa vai continuar com esse olhar de fortalecimento, de entregar para a jovem advocacia a estrutura necessária para que ela possa atuar na profissão e progredir. Temos dentro do Conselho vários jovens advogados que são candidatos na nossa chapa e temos mais ações a serem desenvolvidas, como ampliar a Feira de Oportunidades e os Cursos de Iniciação à Advocacia; realizar o Colégio Estadual de Presidentes Jovens possibilitando maior integração e discussão acerca das questões afetas à jovem advocacia; elaborar o Manual da Jovem Advocacia em formato digital, que contemplará instruções detalhadas sobre os sistemas operacionais do Poder Judiciário;  e criar o projeto “Intercâmbio Legal”, que é um programa de imersão prática, que possibilitará a vivência real das rotinas jurídicas e mentoria direta à jovem advocacia, através de escritórios previamente cadastrados junto à OAB-MT.    

Ponto na Curva: A publicidade na advocacia, ainda que informativa (conforme previsão legal), para muitos ainda é um tabu. No entanto, vivemos numa era digital. Como conciliar isso?

Gisela Cardoso: Desde 2021, quando a OAB Nacional editou o Provimento 205, que dispõe sobre a publicidade e a informação na advocacia, já temos visto grandes avanços na forma como o marketing jurídico tem ganhado força e espaço na advocacia. Inclusive este foi um dos temas do Encontro Nacional da Jovem Advocacia (ENJA) que realizamos pela primeira vez em Cuiabá, com a jovem advocacia de todo o Brasil. A meu ver é fundamental que a profissão não seja mercantilizada, afinal a advocacia faz parte do sistema de Justiça. Contudo, os avanços das redes sociais, a democratização da internet e a forma como a sociedade se comunica a partir disso, nos desafiaram a também repensar a forma como comunicamos. Por isso, que preocupada com essa nova realidade, criamos na OAB-MT nesta gestão a Comissão de Marketing Jurídico, que tem contribuído muito com este debate, realizando palestras e eventos para orientar a advocacia sobre a forma de se expandir neste campo de forma ética e permitir que esteja alinhada com os parâmetros da nossa profissão e indo ao encontro das necessidades e anseios da sociedade.  

Ponto na Curva: Os tribunais brasileiros se preparam para o uso da Inteligência Artificial. A advocacia também caminha para isso? É um desafio?

Gisela Cardoso: O uso da inteligência artificial já é uma realidade na advocacia. Sabemos que muitas IAs já auxiliam na produção de peças processuais, na pesquisa de legislação e jurisprudência, outras, inclusive, são importantes para o acompanhamento de prazos, por exemplo. Sem dúvidas são ferramentas que podem ser utilizadas para contribuir com o trabalho da advocacia. Por outro lado, existe também a preocupação sobre o quanto isso pode afetar um mercado de trabalho que já é bastante competitivo. E estamos atentos a isso. Contudo, avalio que nenhuma IA será capaz de substituir a capacidade técnica do profissional. Existem questões que somente a sensibilidade do advogado e da advogada em analisar o caso concreto é capaz de garantir. Por isso, entendo que a inteligência artificial deve ser encarada como oportunidade de uma nova ferramenta capaz de aperfeiçoar nosso trabalho, mas não ocupar um protagonismo que é próprio do advogado e da advogada. 

Ponto na Curva: Para finalizar, porque os advogados mato-grossenses devem votar na Chapa 1?

Gisela Cardoso: Nós conseguimos avançar muito nestes últimos três anos. Houve avanço na questão da qualificação, avanço nas prerrogativas, avanço na valorização da jovem advocacia. Tivemos a valorização da advocacia do interior do estado. Diante destas conquistas, mas com o sentimento de que existe a necessidade de oxigenação da Ordem, de que outras pessoas também devem fazer parte da diretoria, das decisões da OAB-MT, que apresentamos o projeto de reeleição. Para continuar avançando no fortalecimento e na valorização da classe, de forma ainda mais independente. Somos uma chapa de advogados que exercem e vivem da advocacia. Advogados do interior e da capital. Advogados que representam a advocacia pública, a advocacia privada, que representam toda a advocacia mato-grossense e são comprometidos com a OAB-MT. Temos a jovem advocacia, a advocacia do bairro, a advocacia previdenciária, advocacia trabalhista, advocacia criminal participando da gestão e representadas na nossa chapa. Uma chapa que tem serviços prestados, mas que também está renovada. Isso demonstra nosso compromisso em trazer novas ideias, em trazer novas pessoas. Queremos oferecer a advocacia a oportunidade de continuar avançando e fortalecendo nossa classe.