A aposentadoria sempre foi vista como o desfecho natural da vida laboral, um momento de descanso após anos de contribuição. No entanto, o que percebo na prática é que muitas pessoas não desejam simplesmente se aposentar. O anseio maior não é pelo benefício em si, mas sim pela possibilidade de mudar de vida, buscar felicidade e sair de uma rotina que, ao longo dos anos, se tornou desgastante.
O trabalho, para muitos, não é apenas um meio de sustento, mas também uma identidade, um ciclo de pertencimento e propósito. No entanto, quando as condições se tornam adversas, seja pela pressão, pela falta de reconhecimento ou pelo desgaste físico e emocional, a aposentadoria passa a ser vista como uma porta de saída. Não para o ócio, mas para uma nova oportunidade de viver de forma diferente.
Muitos aposentados buscam novos desafios: empreendem, estudam, mudam de cidade, adotam um ritmo mais leve ou até mesmo continuam trabalhando, mas em condições mais favoráveis. Isso demonstra que, mais do que um direito previdenciário, a aposentadoria representa uma transição. Um momento de reinvenção pessoal e profissional.
Nesse sentido, é fundamental que a sociedade e os próprios trabalhadores mudem a forma como enxergam essa fase. A aposentadoria não deve ser vista como um fim, mas como uma nova possibilidade. Planejar-se para esse momento não significa apenas garantir um benefício financeiro adequado, mas também preparar-se para viver de maneira mais alinhada com os próprios sonhos e desejos.
A verdadeira questão não é se aposentar, mas sim o que fazer com essa liberdade conquistada. E essa resposta é individual, mas sempre passa pelo desejo de ser feliz.
Bruna Andrade é Advogada Especialista em Previdência, fundadora do escritório Bruna Andrade Advocacia em Várzea Grande-MT