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Opinião Terça-feira, 09 de Julho de 2024, 10:29 - A | A

09 de Julho de 2024, 10h:29 - A | A

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Criatividade nas escolas - o futuro do trabalho e das relações humanas

Ao valorizar o processo criativo e aprendizado flexível, integrando artes e o movimento no currículo, as escolas podem cultivar alunos mais participativos



Recentemente, uma avaliação do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) revelou que os estudantes brasileiros apresentam índices preocupantemente baixos em criatividade. A avaliação mede a capacidade dos alunos de pensar criativamente, incluindo a geração de ideias originais e a resolução de problemas de forma inovadora. O Brasil está atrás de muitos países nessa competência essencial para o desenvolvimento acadêmico e social dos alunos, segundo a OCDE.

A avaliação mostra que a criatividade permanece na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apenas de forma "aspiracional", sem implementação prática. O foco predominante em memorização e reprodução de conteúdo deixa pouco espaço para que os alunos experimentem e explorem ideias novas e arriscadas, sem medo de errar.

O relatório "Futuro do Trabalho de 2020" do Fórum Econômico Mundial destaca que a criatividade será um fator preponderante para o mercado de trabalho nos próximos anos, ocupando o quinto lugar entre as habilidades mais requisitadas. Estima-se que 14% dos empregos podem ser totalmente automatizados e 32% sofrerão mudanças significativas com o avanço da robótica e inteligência artificial.

Assim, o futuro precisa ser visto no agora, e as escolas brasileiras devem integrar práticas que incentivem o pensamento criativo de maneira concreta, mediante atividades interdisciplinares, uso de projetos práticos, ambientes de aprendizado que permitam a expressão de ideias de diversas formas como visual, escrita, música, dança e trabalhos manuais. Isso tudo sem descuidar da formação contínua de professores para um ambiente onde a criatividade possa florescer e evidenciar as individualidades de cada um, contribuindo para a formação da saúde social como fator de extrema importância para a atualidade em que vivemos.

Na contramão da ideia cartesiana, a pedagogia Waldorf, desenvolvida por Rudolf Steiner no início do século XX, oferece uma abordagem educacional que pode ajudar a superar esses desafios. Tendo a antroposofia como base, a pedagogia enfatiza o desenvolvimento integral do ser humano, para além da dinâmica de memorização e o desempenho em testes, valorizando a criatividade e a imaginação no processo educacional, por meio de:

Aprendizado Holístico: onde todas as dimensões do aluno são trabalhadas por um currículo rico em artes, música, teatro e atividades manuais, além das disciplinas acadêmicas tradicionais; Ambientes de Aprendizado Flexíveis: dando-se ênfase em materiais naturais e esteticamente agradáveis, promovendo a colaboração e a interação, permitindo a expressão de ideias de maneira criativa e inclusiva; Valorização do Processo Criativo, onde erro é um elemento natural do processo de aprendizagem, estimulando a segurança para aceitação do risco e exploração de novas ideias; Integração de Arte e Movimento: onde o pensamento criativo e crítico, é expresso na pintura, modelagem, marcenaria, costura, teatro e dança, tão valorizadas quanto as disciplinas de base, permitindo a formação do pensamento flexível e adaptativo.

Ao valorizar o processo criativo e aprendizado flexível, integrando artes e o movimento no currículo, as escolas podem cultivar alunos mais participativos, conscientes de si e do contexto em que vivem, ampliando a motivação e a preparação para enfrentar os desafios de um mundo em constante mudança.

MARCELO CINTRA, advogado, empresário e membro do Conselho Gestor da Associação Waldorf Brasilis – Colégio Brasilis em Cuiabá–MT.