Lucielly Melo
Após reinterrogar três dois cinco militares acusados de operarem o esquema de interceptações telefônicas clandestinas, o juiz Marcos Faleiros, da Vara Especializada da Justiça Militar, agendou o julgamento final do caso para os dias 6, 7 e 8 de novembro deste ano.
Sentarão no banco dos réus os coronéis Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco e Ronelson Barros, o tenente-coronel Januário Batista e o cabo da Polícia Militar Gerson Luiz Correa Júnior.
Eles seriam sentenciados no próximo mês, mas em decorrência das novas oitivas realizadas com Zaqueu, Evandro e Gerson, o julgamento foi postergado.
Os militares respondem pelos crimes de ação militar ilícita, falsificação de documento, falsidade ideológica e prevaricação.
Autor da denúncia, o Ministério Público se posicionou para que Zaqueu seja condenado a 23 anos de prisão, Gerson a 18 anos de prisão e Lesco até cinco anos de reclusão.
Já em relação à Ronelson e Januário, o órgão ministerial pediu a absolvição.
A sentença deve ser proferida por Faleiros juntamente com o Conselho Especial formado por quatro juízes militares.
Novas revelações
Nas audiências realizadas nesta terça (16) e quarta-feira (17), Zaqueu, Lesco e Gerson contaram que os grampos ilegais, esquema conhecido como “Grampolândia Pantaneira”, foi comandado pelo advogado e ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques e pelo ex-governador Pedro Taques, ambos primos.
De acordo com os militares, os médicos, advogados, políticos, servidores e magistrados tiveram a intimidade violada para atender interesses políticos dos Taques.
Dentre os alvos dos grampos foram citados: assessor do ex-vice-governador Carlos Fávaro, os advogados José Patrocínio e José Antônio Rosa, os jornalistas Muvuca e Larissa Malheiros, a ex-amante de Paulo Taques, Tatiane Sangalli e entre outros.
Segundo as declarações dos réus, os grampos eram promovidos com o uso de uma ordem judicial do juízo Criminal de Cáceres, que havia autorizado a interceptação telefônica de policiais militares suspeitos de desvio de função e traficantes. Com isso, os operadores da Grampolândia usavam da apuração para inserir números telefônicos de pessoas que não estavam sob investigação.
Durante seu reinterrogatório, o cabo Gerson trouxe à tona o suposto envolvimento de membros do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) em práticas ilegais. Conforme declarado por ele, várias operações policiais, como a Rêmora e a Seven, foram deflagradas a partir da criação de barriga de aluguel, ou seja, pessoas alheias às investigações também foram grampeadas.
O cabo também citou que a verba secreta paga aos integrantes do Gaeco para custear investigações eram usadas de forma inapropriada. Os promotores de Justiça Célio Wilson teria consertado sua moto, Marcos Regenold comprou cães e Marco Aurélio adquiriu rastreadores de veículos.
Além dos citados, outros três teriam praticado atos ilegais no MPE: Samuel Frungilo, Paulo Prado e Marcos Bulhões.