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Cível Quarta-feira, 15 de Julho de 2020, 16:02 - A | A

15 de Julho de 2020, 16h:02 - A | A

Cível / ESQUEMA DE MENSALINHO

TJ mantém R$ 1,2 mi bloqueados de procurador acusado de receber propina

Em recurso interposto no TJ, Alexandre Luís César pediu para que o bloqueio que atingiu os bens que também pertencem a sua esposa fosse suspenso; o pedido foi negado

Lucielly Melo



A Segunda Câmara de Direito Público e Coletivo do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) manteve o bloqueio que recaiu sob os bens do procurador do Estado, Alexandre Luís César, acusado de se envolver num suposto esquema de “mensalinho”.

A decisão colegiada foi disponibilizada nesta terça-feira (15).

Em 2018, o procurador teve R$ 1,2 milhões bloqueados pela Justiça, após o ex-governador Silval Barbosa divulgar, em delação premiada, um vídeo em que parecem diversos ex-deputados – entre eles, Alexandre César – recebendo dinheiro supostamente oriundo de propina.

Em agravo de instrumento, o procurador tentou retirar o bloqueio que acabou atingindo os bens que também pertence a sua esposa.

Entretanto, segundo o relator do processo, desembargador Luiz Carlos da Costa, o acusado não pode representar interesses alheios, ou seja, cabe a mulher vindicar pelo seu direito na Justiça.

“A parte que figura no polo passivo da demanda não está legitimada a defender, em nome próprio, a meação do cônjuge, ante a vedação do artigo 18 do Código de Processo Civil”, diz trecho do acórdão publicado.

A câmara julgadora, ao negar o recurso, ainda destacou que a esposa do procurador pode, por meio de embargos de terceiro, pedir a liberação de seus bens.

A ação

A ação civil pública, por suposto ato de improbidade administrativa, investiga um esquema de pagamento de propinas com recursos desviados do Programa MT Integrado, de incentivos fiscais e de obras da Copa do Mundo, durante a gestão de Silval Barbosa.

O esquema veio à tona quando informações das delações premiadas de Silval e do ex-secretário Pedro Nadaf foram divulgadas, que deram base à ação do MP.

Segundo a ação, o então governador Silval Barbosa firmou acordo com parlamentares para manter a governabilidade, ter as contas do governo aprovadas, os interesses do Poder Executivo priorizados na Assembleia Legislativa e não ter nenhum dos membros do alto escalão do Estado investigado em Comissão Parlamentar de Inquérito.

Em troca, os deputados teriam recebido uma espécie de “mensalinho” no valor de R$ 600 mil, que teria sido dividido em 12 vezes de R$ 50 mil.

Entre as provas contidas nos autos, constam as cenas gravadas pelo ex-chefe de gabinete de Silval, Sílvio Cézar Araújo, em que mostram vários deputados e ex-políticos embolsando maços de dinheiro.

Além de Alexandre César, são réus neste processo: Silval Barbosa, Sílvio Cézar, Maurício Guimarães e Valdísio Viriato.

O processo tramita em sigilo.