Lucielly Melo
O corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, tem 72h para explicar no Supremo Tribunal Federal (STF) a requisição dos dados do celular do advogado Roberto Zampieri.
A decisão é desta quarta-feira (3) e atendeu o pedido da viúva de Zampieri.
A esposa do advogado, que foi assassinado a tiros em frente ao escritório, em Cuiabá, recorreu ao STF após Salomão negar a devolução do aparelho telefônico à família de Zampieri. É que as cópias do conteúdo encontrado no celular apontam o envolvimento suspeito entre o advogado e magistrados de Mato Grosso e, por isso, o material deveria ficar também no CNJ para apurar possível falta funcional.
Através de mandado de segurança, com pedido liminar, a viúva pediu que o CNJ fique proibido de examinar e utilizar os dados do referido celular até o julgamento do mérito do recurso pelo STF.
Diante das informações, André Mendonça entendeu ser prudente ouvir primeiro o corregedor nacional antes de analisar o pedido liminar.
“Considerando as peculiaridades do caso e sem prejuízo de ulterior prestação das informações, nos termos e prazo previstos no art. 7º, inc. I, da Lei nº 12.016, de 2009, determino a notificação da autoridade apontada como coatora para, no prazo de 72 horas, manifestar-se sobre a presente impetração, notadamente para esclarecer o objeto da referida Reclamação Disciplinar e as razões para requisição dos dados telefônicos referidos nestes autos e obtidos a partir do acesso ao telefone da vítima também citada nesta impetração”, decidiu.
O caso tramita em sigilo.
Morte de Zampieri
Roberto Zampieri tinha 56 anos e foi assassinado na noite do dia 5 de dezembro de 2023, na frente de seu escritório localizado no bairro Bosque da Saúde, na Capital. A vítima estava dentro de uma picape Fiat Toro, quando foi atingida pelo executor, que fez diversos disparos de arma de fogo.
Três pessoas permanecem presas e já viraram réus pelo homicídio do advogado: Antônio Gomes da Silva (o executor), Hedilerson Fialho Martins Barbosa (o suspeito de ser o intermediário) e o coronel reformado do Exército Brasileiro, Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas (que teria financiado o crime).
O fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo e sua esposa, Elenice Ballarotti Laurindo, considerados os mandantes do crime, chegaram a ser presos, mas conseguiram liberdade, mediante cumprimento de medidas cautelares.
A suspeita é de que o crime teria sido cometido por conflito envolvendo disputa de terra no interior de Mato Grosso.